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Portugal e o apelido de “Guiana Brasileira”: entenda a polêmica

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Portugal virou meme no Brasil em novembro de 2024, mas nem todo mundo achou graça. O apelido de “Guiana Brasileira” viralizou nas redes e dividiu opiniões. Neste artigo, a gente explica o que aconteceu, de onde veio essa expressão, por que causou incômodo e o que isso diz sobre a relação entre brasileiros e portugueses atualmente.

O meme que virou debate cultural

Tudo começou com um simples post. O Barcelona anunciou a contratação da jogadora portuguesa Kika Nazareth com a expressão “Fala, galera!”. A frase, comum no Brasil, incomodou alguns portugueses que comentaram de forma negativa nas redes. Isso foi o estopim para uma enxurrada de memes vindos do Brasil.

Com bom humor, muitos brasileiros passaram a chamar Portugal de “Guiana Brasileira”, como se o país europeu tivesse sido tão influenciado pela cultura brasileira que agora fosse quase uma “extensão” do Brasil. A expressão é uma referência à Guiana Francesa, que é um território da França na América do Sul. Outros apelidos fictícios também surgiram, como “Pernambuco em Pé” e “Vitória da Reconquista”, sugerindo uma “recolonização” imaginária e bem-humorada de Portugal.

O tom de brincadeira não agradou a todos. Muitos portugueses se manifestaram contra a forma como o país vinha sendo tratado, dizendo que os memes passavam dos limites do respeito. Para eles, não se trata só de uma piada, mas de um reflexo de como parte dos brasileiros ignora a identidade cultural portuguesa. A influenciadora portuguesa Nokas, por exemplo, criticou abertamente o uso da expressão nas redes sociais.

Do outro lado, brasileiros defenderam que se tratava apenas de humor leve, como tantas outras piadas que circulam nas redes. Para eles, a reação exagerada mostra uma falta de abertura para o carisma e a forma descontraída de comunicação do Brasil. Plataformas como TikTok, X e Bluesky foram os principais espaços onde o meme viralizou, com internautas criando mapas fictícios e até uma bandeira simbólica da “Guiana Brasileira”.

Essa discussão escancarou o quanto redes sociais têm influência direta na forma como culturas se percebem. O que começa com uma piada pode, em poucas horas, se transformar em uma tendência global e levantar temas sensíveis que, em outro contexto, talvez nunca fossem abordados.

Imigração, influência e identidade

Por trás do meme, existe uma questão real que já vem sendo debatida em Portugal: o impacto da imigração brasileira no país. Em 2024, os brasileiros continuam sendo a maior comunidade estrangeira vivendo em Portugal, com cerca de 600 mil pessoas registradas oficialmente. E esse número pode ser ainda maior, já que muitos vivem no país com dupla cidadania ou com registros ainda em processo.

Com esse número crescendo ano a ano, é natural que a cultura brasileira ganhe espaço. E isso inclui a forma de falar, os memes, o jeito de se expressar e até a presença em mídias, empresas, universidades, comércios, bares e eventos. Basta andar por bairros populares em Lisboa ou no Porto para ver placas em português do Brasil, cardápios com nomes de pratos brasileiros e até propaganda com gírias brasileiras.

Esse processo de influência cultural é comum em todo o mundo quando um grupo imigrante se torna significativo. Acontece com os indianos no Reino Unido, com os turcos na Alemanha e com os marroquinos na França. Não é diferente em Portugal, mas como a língua é a mesma, às vezes as diferenças culturais ficam ainda mais evidentes.

No entanto, também existe o desafio de encontrar o equilíbrio. Para muitos portugueses, a sensação é de que a presença brasileira às vezes “apaga” ou enfraquece o que é tradicionalmente português. Isso pode ser visto em debates sobre sotaque, sobre o uso de certas palavras e até mesmo na forma como conteúdos midiáticos locais tentam se adaptar ao público brasileiro.

Além disso, há também o aspecto econômico: em 2024, os brasileiros contribuíram com mais de um bilhão de euros para a Segurança Social portuguesa. Esse dado reforça a importância da comunidade não apenas em termos culturais, mas também no funcionamento do país.

E é justamente esse o ponto sensível que fez com que o meme da “Guiana Brasileira” tivesse um impacto maior do que o esperado. Ele simboliza uma tensão crescente que vai muito além do humor e encosta em questões de identidade nacional, autoestima cultural e pertencimento.

Vale lembrar que a relação entre Brasil e Portugal é antiga, complexa e cheia de idas e vindas. São dois países que compartilham a mesma língua, mas têm trajetórias culturais, sociais e históricas bem diferentes. Desde 2021, especialistas e educadores vêm discutindo o impacto do conteúdo digital brasileiro no modo de falar das crianças portuguesas, especialmente com a popularidade de youtubers e influenciadores brasileiros.

Limites do humor e o respeito entre culturas

A grande discussão que surge aqui é: até onde o humor pode ir sem ultrapassar o limite do respeito? Fazer piada é parte da identidade brasileira, mas nem sempre isso é bem recebido em outros contextos.

Muitas vezes, o que é engraçado para uns pode ser ofensivo para outros. E, quando isso envolve dois países com história compartilhada, mas também com diferenças marcantes, o cuidado precisa ser redobrado.

Um meme pode parecer inofensivo, mas se ele reforça estereótipos ou desvaloriza a cultura do outro, acaba tendo um efeito oposto ao pretendido. É importante entender o contexto, saber de onde vem a piada e como ela pode ser recebida. Internet não tem fronteira, mas a empatia precisa estar presente.

Talvez o maior aprendizado dessa polêmica seja justamente esse: entender que a convivência entre culturas diferentes exige empatia. É possível brincar, fazer memes e rir junto, mas sem diminuir o outro ou ignorar a história que cada povo carrega.

E mais do que isso: é importante refletir sobre o tipo de imagem que queremos transmitir como brasileiros fora do Brasil. A simpatia e o bom humor fazem parte da nossa identidade, mas também precisamos ser vistos como pessoas que respeitam e valorizam outras culturas.

Conclusão do Ta Na Europa!

A brincadeira da “Guiana Brasileira” mostrou como um meme pode virar um reflexo de algo muito maior. Não se trata apenas de uma expressão engraçada nas redes sociais, mas de como está sendo vista a influência brasileira em Portugal. A reação dos portugueses mostra que existe uma preocupação real com identidade cultural. Já os brasileiros trazem seu jeito leve e descontraído, que nem sempre é compreendido da mesma forma.

No fim das contas, esse episódio pode ajudar a criar mais diálogo, mais escuta e mais respeito entre os dois lados. Afinal, é possível viver, trabalhar, estudar e conviver em um país diferente sem abrir mão da própria cultura, mas também sem apagar a do outro. O segredo está no equilíbrio, na escuta ativa e na capacidade de reconhecer que todo mundo tem algo a aprender e a ensinar.

E que da próxima vez que um meme surgir, ele possa servir mais para unir do que para dividir. Que gere risos dos dois lados, sem desconfortos ou mal-entendidos. Porque no fim, o que todo mundo quer é se sentir respeitado, mesmo na hora da piada.

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Novo apelido de Portugal: entenda a história do meme “Guiana Brasileira” – https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/novo-apelido-de-portugal-entenda-a-historia-do-meme-guiana-brasileira/

Portugal ultrapassa 1 milhão de estrangeiros; brasileiros são maioria – https://oglobo.globo.com/blogs/portugal-giro/post/2024/09/portugal-ultrapassa-um-milhao-de-estrangeiros-brasileiros-sao-maioria.ghtml

Guiana Brasileira (meme) – contexto, reações e polêmicas – https://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana_Brasileira_(meme)

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Antonio Joaquim de Godoy

Sou Antonio, criador do Ta Na Europa!, nascido no interior de São Paulo. Desde 2019, vivo na Europa, onde descubro e compartilho minhas paixões por viagens. Neste blog, trago curiosidades, informações e minha perspectiva sobre este continente fascinante.

Antonio Joaquim de Godoy

Sou Antonio, criador do Ta Na Europa!, nascido no interior de São Paulo. Desde 2019, vivo na Europa, onde descubro e compartilho minhas paixões por viagens. Neste blog, trago curiosidades, informações e minha perspectiva sobre este continente fascinante.

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