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Brasileiros enfrentam aumento de xenofobia em Portugal: entenda os desafios

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Casos de preconceito e discriminação contra brasileiros vêm crescendo em Portugal e chamam atenção pelas consequências no dia a dia de quem tenta recomeçar a vida no país.

Por que os brasileiros estão sofrendo mais xenofobia em Portugal

Portugal sempre foi visto como um país acolhedor. A língua em comum e os laços históricos fizeram com que ele se tornasse um destino lógico para quem sai do Brasil em busca de uma nova vida. Mas a realidade de muitos brasileiros que vivem por lá tem mostrado outra face dessa relação.

O número de brasileiros morando em Portugal nunca foi tão alto. Segundo dados oficiais, até abril de 2025, aproximadamente 360 mil brasileiros vivem legalmente no país. Esse número representa uma parte importante da comunidade estrangeira em território português, embora seja menor do que o estimado anteriormente.

Essa presença tão expressiva, no entanto, também trouxe à tona comportamentos que vinham sendo ignorados ou pouco comentados. O preconceito e a xenofobia deixaram de ser casos isolados e passaram a fazer parte da rotina de muitos imigrantes brasileiros.

O que antes era considerado exceção – como ouvir comentários maldosos ou sentir um certo desprezo em atendimentos – agora aparece em situações muito mais concretas e graves. É o caso da dificuldade em conseguir alugar uma casa, passar por entrevistas de emprego ou até mesmo ser atendido de forma justa em serviços de saúde, escolas ou órgãos públicos.

Os tipos de preconceito mais comuns enfrentados por brasileiros

A xenofobia pode se manifestar de várias formas. Algumas são mais sutis, como aquele olhar torto ou um comentário atravessado. Outras são mais sérias e causam impacto direto na vida de quem só quer viver com dignidade em um novo país.

Entre os casos mais relatados pelos brasileiros, estão:

– Negativas em propostas de aluguel apenas por serem brasileiros, mesmo com toda a documentação e renda exigida.
– Entrevistas de emprego onde o sotaque ou a origem do candidato se tornam motivos para rejeição.
– Ofensas verbais no transporte público, supermercados e até na rua.
– Dificuldade no atendimento em hospitais ou clínicas, principalmente quando não se tem cidadania portuguesa.
– Generalizações e estereótipos, como acusar todo brasileiro de ser desonesto, barulhento ou preguiçoso.

Essas atitudes, além de ferirem emocionalmente, muitas vezes colocam as pessoas em situações vulneráveis. O sentimento de exclusão e rejeição afeta diretamente a saúde mental de quem mora longe da família, precisa trabalhar para se manter e ainda enfrenta olhares de desconfiança a cada passo.

E vale dizer: isso não é vitimismo. É uma realidade confirmada pelos dados. Entre 2018 e 2021, as queixas de xenofobia contra brasileiros aumentaram 142%, passando de 45 para 109 denúncias. Em 2024, o número de casos chegou a 150, o que representa um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Ou seja, o problema existe, é grave e precisa ser discutido com seriedade.

Por que isso está acontecendo agora?

Muita gente se pergunta por que esse tipo de comportamento tem aumentado justamente agora. Uma das explicações é o próprio crescimento da comunidade brasileira em Portugal. Com mais brasileiros chegando, aumenta também o contato entre culturas – e, com ele, os conflitos.

Além disso, há uma questão econômica. O aumento da imigração ocorreu em um momento delicado do país. O custo de vida subiu, os aluguéis dispararam, o mercado de trabalho ficou mais competitivo, e parte da população portuguesa passou a ver os estrangeiros como ameaça, e não como aliados no desenvolvimento do país.

Esse pensamento é alimentado por estereótipos antigos e preconceituosos. Em muitos casos, os brasileiros são acusados de “invadir” o país, de tomar vagas de emprego, de sobrecarregar os serviços públicos. São visões distorcidas e injustas, que ignoram as contribuições reais que a comunidade brasileira tem feito para a economia portuguesa, principalmente nos setores de comércio, serviços e construção civil.

Sem falar que a mídia e redes sociais muitas vezes reforçam estigmas. Comentários xenofóbicos se espalham com facilidade e ganham força, alimentando um sentimento de rejeição coletiva.

O impacto nas mulheres brasileiras

Um ponto importante dessa discussão é o que acontece com as mulheres brasileiras em Portugal. Elas enfrentam um duplo preconceito: o de ser imigrante e o de ser mulher.

Infelizmente, há uma associação equivocada e maldosa entre mulheres brasileiras e a prostituição. Isso faz com que muitas sofram abusos verbais, olhares invasivos e sejam constantemente desrespeitadas – mesmo em ambientes profissionais.

Muitas relatam dificuldades em alugar imóveis, especialmente quando são solteiras ou mães solo. Outras contam que, ao procurar atendimento médico, são tratadas com desconfiança. Situações que vão acumulando dores e inseguranças, levando muitas a viverem isoladas, com medo ou vergonha de se expor.

Estima-se que cerca de 510 mil mulheres brasileiras, com ou sem cidadania portuguesa, residam hoje em Portugal.

O que tem sido feito para combater isso

Diante desse cenário, iniciativas começaram a surgir – ainda que timidamente. Em fevereiro de 2025, durante a Cúpula Brasil-Portugal realizada em Brasília, o tema da xenofobia esteve em pauta. O cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Alessandro Candeas, anunciou a criação do Espaço da Mulher Brasileira, com o objetivo de combater a violência doméstica e promover o empreendedorismo entre brasileiras em Portugal.

A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, também esteve presente e reforçou a importância de políticas que protejam os brasileiros no exterior. Segundo ela, o Brasil precisa cuidar dos seus cidadãos, onde quer que eles estejam.

Durante o mesmo evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que “não há espaço para racismo e xenofobia entre Brasil e Portugal”, reconhecendo a urgência de combater essas atitudes com medidas firmes e permanentes.

Além das iniciativas diplomáticas, há projetos locais sendo criados por brasileiros em Portugal. Grupos de apoio, redes de acolhimento, ações culturais e educativas ajudam a fortalecer a comunidade e criar pontes com os portugueses. São movimentos pequenos, mas que fazem diferença no dia a dia de quem está longe de casa.

Como cada pessoa pode contribuir para um ambiente mais justo

Apesar do problema ser estrutural, há atitudes que podem ajudar a transformar esse cenário. A primeira delas é não aceitar o preconceito como algo normal. Se alguém sofreu ou presenciou um ato de xenofobia, é importante denunciar. Em Portugal, a própria CICDR recebe denúncias anônimas e garante proteção às vítimas.

Outra forma de ajudar é desconstruir estereótipos no convívio diário. Mostrar com atitudes que os brasileiros são trabalhadores, respeitosos e contribuem para a sociedade portuguesa é uma forma de educar pelo exemplo.

Também é fundamental que os próprios brasileiros se apoiem. Dividir experiências, buscar redes de apoio, falar abertamente sobre o que enfrentam – tudo isso fortalece a autoestima da comunidade e mostra que ninguém está sozinho.

Conclusão do Tá Na Europa!

A xenofobia contra brasileiros em Portugal é um problema real, atual e que precisa ser combatido com coragem e união. É injusto que tantas pessoas, que saíram do Brasil com o sonho de uma vida melhor, encontrem pelo caminho tanto julgamento, portas fechadas e falta de empatia.

Mas é possível virar esse jogo. O diálogo, a informação e o respeito são os primeiros passos para criar uma convivência mais saudável. E, principalmente, não podemos deixar que o preconceito nos silencie. Falar sobre isso é um ato de resistência e de cuidado com quem está nessa mesma jornada.

Confira o que as pessoas estão comentando em nossa página no Instagram e deixe seu comentário!

Cresce a xenofobia contra brasileiros em Portugal – https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2025/04/15/volta-para-sua-terra-o-cotidiano-de-intolerancia-contra-brasileiros-em-portugal.htm

Cúpula Brasil-Portugal trata de violência, racismo e xenofobia – https://oglobo.globo.com/blogs/portugal-giro/post/2024/12/cupula-brasil-portugal-em-brasilia-trata-de-violencia-racismo-e-xenofobia.ghtml

Lula diz que não há espaço para racismo e xenofobia entre Brasil e Portugal – https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/02/nao-ha-espaco-para-racismo-e-xenofobia-entre-brasil-e-portugal-diz-lula.shtml

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Antonio Joaquim de Godoy

Sou Antonio, criador do Ta Na Europa!, nascido no interior de São Paulo. Desde 2019, vivo na Europa, onde descubro e compartilho minhas paixões por viagens. Neste blog, trago curiosidades, informações e minha perspectiva sobre este continente fascinante.

Antonio Joaquim de Godoy

Sou Antonio, criador do Ta Na Europa!, nascido no interior de São Paulo. Desde 2019, vivo na Europa, onde descubro e compartilho minhas paixões por viagens. Neste blog, trago curiosidades, informações e minha perspectiva sobre este continente fascinante.

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